Psicologia Clinica e Organizacional - PSICOTERAPIA

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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Violência, de ontem e de hoje.

A VIOLÊNCIA DE ONTEM E DE HOJE!

Nairete Correia.

"De que se tem medo‟?
“Da morte, foi sempre a resposta. E de todos os males que possam simbolizá-la, antecipá-la. Da morte violenta, completaria Hobbes. De todos os entes reais ou imaginários que sabemos dotados de poder de vida e de extermínio: da natureza desacorrentada, da cólera de Deus, da manha do Diabo, da crueldade do tirano, da multidão enfurecida; dos cataclismos, da peste, da fome e do fogo, da guerra e do fim do mundo. Da roda da fortuna. Da adversidade. Da repressão. Da subversão”.
Marilena Chauí, Sobre o Medo.
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No final do século XX, precisamente na década de noventa, a humanidade assume um novo modelo de conduta social, a partir do modo de vida, ou seja, do viver amedrontado. O espaço coletivo (a urbe) já não era mais um direito do cidadão. As crianças já não podiam mais brincar nas praças, jogar bola no terreno baldio do seu bairro, porque o medo os deixara acuadas, por receio das balas perdidas, do risco de assalto e das mais variadas cenas de violência que surgiam de modo inusitado.


As pessoas passaram a se trancafiar em suas casas, com muros fechados bem altos e cercas eletrificadas, porteiros eletrônicos, câmeras nas ruas e segurança privada, como forma de se proteger da violência. A cada dia surgem nos espaços urbanos espigões que tomam os lugares de casas, quintais e espaços vazios, indicando a preferência pela aglomeração em nome de uma pretensa segurança. As pessoas trocaram os espaços da convivência social pelo contato mediado pela internet, os blogs, os reality shows, os sites de relacionamentos, e tudo isso só denuncia o forte sentimento de solidão, imputado pela imobilidade aterrorizadas das celas privadas dos arranha-céus.

Na realidade estamos formando seres individualistas e sem competência de relacionamento social e afetivo, efetivo e real. A violência doméstica se faz presente nas casas pela agressividade entre as pessoas que estão ligadas por laços parentais, mas que não formam de fato uma “família”. Também está presente nas escolas se apresentando através da necessidade de algumas crianças e/ou adolescentes de serem reconhecidos pelos demais como o melhor, maior ou mais importante. O Bullyng, palavra que sem tradução fiel quer dizer violento, tem causado muitos danos psicológicos, emocionais e intelectuais, influenciando crianças a abandonarem a escola, se tornarem pessoas recalcadas e nos casos mais graves até suicídio. Para os mais resilientes( aqueles que suportam melhor situações de conflitos) a reação vai do rebate ao homicídio, podem se tornar tão agressivos quanto seus agressores.

O isolamento social está criando monstros pela intensificação do privado da supervalorização daqueles que podem mais. Empoderados os homens ou meninos não poupam ninguém da sua realização perversa, da chance de impor ao outro um forte sentimento de inferioridade e sofrimento psíquico e às vezes também físico. É, mas não pensem que os ambientes de trabalho estão livres dessa violência. Lá também, os adultos mal resolvidos e que já são frutos de uma sociedade que viveu sua infância e juventude atrás dos muros dos “palácios” provocam um ambiente de tamanha infelicidade, ao que chamamos de assédio Moral. Nesse caso só lamentamos que as empresas sejam penalizadas a pagar indenizações aos empregados que forem assediados por seus superiores ou por seus pares. Com as crianças, impedir o Bullyng é responsabilidade da escola, mas os pais são obrigados a pagar pelos erros dos seus filhos e já houve casos que crianças foram indenizadas pelos maus tratos recebidos por seus colegas na escola. Justiça seja feita, quem comete violência e institucionaliza a ação deve pagar pelos seus atos.

Vivemos então cercados de pessoas que nos amedrontam e nos deixam mais inseguros, infelizes e solitários. A violência poderia então ser considerada um mal do século XX e que já tomou conta do novo século. Então o que fazer? O que devemos então, mudar para formar uma nova juventude?


Nairete Correia – Psicóloga – CRP-03/1424- Especialista em: Segurança Pública-RENAESP; Psicopeagogia;pedagogia Empresarial;Educadora Sexual; Mestra em Gestão de Pessoas.(UEX-ES); Consultora organizacional.